Repertório é como uma colcha de retalhos, vamos juntando vários pedacinhos ao longo da vida para construir algo maior e que faça sentido.
Esse é um assunto que parece simplista, mas que tem várias camadas:
O repertório como input criativo para artistas;
O repertório como ferramenta de trabalho para publicitários;
O repertório cultural que temos acesso por razões socioeconômicas;
O repertório de experiências de vida que moldam nosso jeito de ser;
O repertório quando usado para demonstrar superioridade…
Enfim, uma coisa é certa: todo mundo tem algum repertório. Fiquei pensando bastante nesse tema depois da última aula de teatro.
Após apresentarmos os exercícios da semana, o professor disse que para elevarmos o nível da nossa atuação (sair do raso e/ou do melodrama) precisávamos buscar inspiração em produtos culturais que nos tirassem do lugar-comum.
Seja por comodismo ou falta de acesso, a maior parte da turma vê os filmes e séries do mainstream. Vale reforçar que a ideia aqui não é entrar naquela velha discussão do “coisas antigas = boas e coisas novas = porcaria”.
A questão é que se vemos as mesmas coisas, andamos com as mesmas pessoas e trilhamos os mesmos caminhos…não vamos chegar em um lugar diferente.
Puxando aqui uma referência dos tempos da faculdade, isso tem relação com a teoria de Indústria Cultural (de Adorno e Horkheimer), que – de forma resumida – diz que o objetivo dessa indústria é fazer com que produtos culturais atendam a demandas ideológicas.
Ou seja, que os grandes meios de comunicação são capazes de influenciar e padronizar a estética e o conteúdo, levando a população a ter um senso crítico cada vez menor. Isso ‘seguraria’ mudanças & questionamentos na sociedade num momento de pós-Guerra.
Cuidado! Você não quer ser a/o hipster enjoada!
Ok, já entendemos que ninguém quer ver/ler/ser igual aos outros.
Sabe aquele gostinho de descobrir algo novo? Algo único, escondido e que ‘ninguém mais conhece’?
Vale ter cuidado com essa sensação também. Nos meus tempos de adolescente (sdds, Tumblr) era IN-CRÍ-VEL ter uma (insira aqui uma banda/livro/filme) que só você conhecia.
Batia aquele senso de exclusividade e originalidade que a gente busca quando jovem. Mas, com o tempo, você acaba virando uma pessoa chata, egocêntrica e que sempre acha que sabe mais que os outros…
Então…como encontrar um equilíbrio?
Curadoria como caminho ✨
Eu acredito MUITO no poder da curadoria!
Em um mundo superlotado de informações, é complicado consumir tudo (e nem precisa). De acordo com a 9ª edição do infográfico “Data Never Sleeps” da DOMO, a cada 1 minuto de 2021, os usuários do TikTok assistiram mais de 167 milhões de vídeos.
Contar com a curadoria de quem se abre para selecionar e criar a partir de conteúdos relevantes é incrível para construir novas referências.
Por mais que robôs possam ‘organizar’ a internet e fazer um primeiro filtro em todo o conteúdo que existe online, não há nada como contar com a seleção de uma pessoa que já trilhou mais caminhos que você e que está disposta a construir e debater.
Inclusive, no final da nossa aula de teatro, os professores passaram uma lista de filmes “lado B” para desenvolvermos um novo repertório.
Dica da Semana
Já que fechamos o papo falando sobre curadoria, tenho 3 indicações:
O trabalho da Beatriz Guarezi com a Bits do Brands e acessem um mundo mágico de branding & tecnologia. Vale olhar com carinho para o Relatório de Tendências e Comportamento 2022 + Masterclass de Curadoria de Conteúdo (já fiz e super recomendo)!
A Ronda da Bobiça das queridas Isa & Tutty do @fundaocult que é simplesmente uma curadoria dos melhores tiktoks/memes/tweets da semana no finalzinho do domingo para você dar risada e começar a segunda leve.
O Livraria em Casa que com seus comentários & resenhas me ajudou a sair de algumas ressacas literárias. Além de sempre garantir boas risadas
Obrigada por acompanhar até aqui. Inscreva-se, encaminhe este e-mail para alguém ou compartilhe o link. (Ajuda muito 🤎 )
Até a próxima quarta,
Mavi 🍂
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